Em julho de 2006, a Juventus via o início de um dos maiores dramas em sua história. Envolvida no escândalo de manipulação de resultados conhecido como Calciopoli, a equipe teve os títulos do Campeonato Italiano 2004/2005 e 2005/2006 cassados e foi rebaixada à segunda divisão. Sem o mesmo dinheiro que conseguiria na Série A e na Champions League, o maior vencedor do futebol italiano teve que se acostumar à realidade momentânea de time pequeno.
Sem o mesmo atrativo para jogar na Velha Senhora, muitos destaques da equipe rumaram para outros clubes. Casos de Patrick Vieira, Zlatan Ibrahimovic, Lilian Thuram e Gianluca Zambrotta, por exemplo. Alguns, como Pavel Nedved, ficaram. No entanto, somente três jogadores puderam viver o período catastrófico para o clube e desfrutar de sua redenção e ficarem marcados na história do time bianconero por esse feito. São eles Giorgio Chiellini, Gianluigi Buffon e Alessandro Del Piero.
Os dois últimos, que são uns dos maiores ídolos da história do clube, tinham uma situação semelhante, pois eram atletas renomados no futebol europeu e teriam mercado se tivessem optado por sair. No entanto, permaneceram e foram fundamentais para o retorno da equipe à elite do futebol italiano. Enquanto o atacante foi o artilheiro da Série B com 21 gols e ajudou a Juventus a ter o melhor ataque da competição, o goleiro contribuiu para que a equipe tivesse a segunda defesa menos vazada. Já Chiellini vivia um momento oposto ao de Del Piero e Buffon e foi “beneficiado” com o rebaixamento, já que ele passou a ganhar mais espaço entre os titulares depois da queda da equipe e da saída de defensores como Thuram e Cannavaro.
Assim como o atual camisa 3 da equipe, jovens atletas também ganharam mais espaço na Velha Senhora. Como foi o caso de Marchisio e De Ceglie, que chegaram a integrar o elenco principal, mas só fizeram suas primeiras atuações no ano da disputa da segunda divisão e, embora não tenham participado da última campanha da Juve antes da queda, também viveram o processo de recuperação da equipe que não se limitou ao acesso.
Mesmo com o retorno à Série A, o clube de Turim ainda levaria alguns anos para voltar a competir de igual para igual com os outros grandes do país. Até porque durante o difícil período, a equipe ainda dividia as atenções com o seu novo estádio. Assim, por mais que tenha voltado a jogar com as principais equipes do país e as partidas da Champions League, a equipe bianconera ainda estava distante dos seus melhores dias.
No quinto ano após o seu retorno à elite, a Juventus resolveu apostar em um conhecido para ser o treinador do time e colocá-lo novamente no topo do futebol italiano, algo que não conseguia desde a temporada 2002/2003. Ex-meio-campista da equipe e que fez parte da conquista da liga nacional há nove anos, Antonio Conte exerceu a tarefa com louvor e, de maneira invicta, encerrou de vez um dos momentos mais complicados da história da Velha Senhora. Um momento que só três jogadores viveram intensamente.
Por : Pavel Neto
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