sábado, 21 de abril de 2012

Hansen dá à Juventus sua maior vitória


As goleadas haviam virado norma no clássico de Turim às vésperas da edição disputada há exatos 60, neste mesmo 20 de abril. Um 8 a 0 em 1912, seguido de um 7 a 2 dois anos mais tarde e de um 5 a 0 em 1944 haviam espantado os torcedores, mas todas essas vitórias pendiam para um só lado: do Torino, que, inclusive, costumava brilhar mesmo no campo da Juventus.


Foi com esse retrospecto que os dois clubes se apresentaram para o segundo dérbi da temporada 1951/52 da Série A, após o empate sem gols do primeiro turno. E a pressão estava sobre a Juve, que na rodada anterior havia ficado no 0 a 0 com o Lucchese, time que ocupava as últimas colocações da tabela. Além disso, a Velha Senhora havia visto a sua vantagem na liderança cair para apenas dois pontos naquele dia após uma vitória do então campeão Milan, em grande momento no campeonato. Já o Torino, apesar de arrasado pelo desastre aéreo de Superga três anos antes, vinha de um triunfo por 5 a 2 contra o Triestina e estava determinado a atrapalhar os planos de título do arquirrival.
Quem estava no centro de todas as conversas antes do clássico era John Hansen, e não só porque ele liderava a artilharia da competição à frente dos também estrangeiros Gunnar Nordahl, Istvan Nyers e Hasse Jeppson, respectivamente do Milan, da Internazionale e da Atalanta. Depois de marcar quatro gols para a Dinamarca na vitória de 5 a 3 sobre a Itália nas quartas de final do Torneio Olímpico de Futebol em 1948, Hansen passou a ser cobiçado por diversos clubes italianos. O Torino, cujos craques haviam acabado de conquistar o quartoScudetto consecutivo, era favorito na corrida para assinar com o robusto atacante dinamarquês.


Contudo, enquanto a torcida grená esperava pacientemente pelo fechamento dos últimos detalhes do negócio, o apaixonado dono da Juventus, Gianni Agnelli, apresentou a Hansen uma proposta ainda mais lucrativa, e pediu uma decisão imediata. Apesar de ter concordado com a transferência para o Torino, o atacante prontamente assinou com a Juve.
O jogador nascido em Copenhague se tornaria um grande algoz do Torino, e mostrou tudo o que o clube havia perdido já no jogo daquele domingo. O atacante de 27 anos marcou dois gols — um em lindo chute de longa distância e outro de cabeça, a sua marca registrada — e participou de outros três na enfática goleada por 6 a 0. Giampiero Boniperti, que passou toda a sua carreira na Juve, estufou a rede duas vezes, enquanto Pasquale Vivolo e o também dinamarquês Karl Aage Hansen anotaram os outros tentos do que permanece até hoje como a maior vitória alvinegra no dérbi de Turim.


A decisão de Agnelli de investir em John Hansen e persuadi-lo na ir para o Torino em 1948 voltou às manchetes com força total naquele 20 de abril de 1952, assim como outra medida tomada pelo chefão da Juve no início da campanha. O então técnico Jesse Carver havia discutido com Hansen e pedira ao clube que vendesse o dinamarquês. Em vez disso, porém, osBianconeri decidiram que era melhor sacar o homem que os havia levado ao primeiro título da Série A em 15 anos.


As justificativas eram incontestáveis. Afinal, Hansen terminou 1951/52 como artilheiro do campeonato, com 30 gols, e a Juventus faturou a taça pela nona vez, igualando o recorde nacional do Genoa.



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